Por Rodolpho Raphael
Um dos grandes pensadores contemporâneos
Zigmund Bauman, traz em seus escritos que vivemos em uma era pós-moderna cuja
sociedade é líquida. Uma sociedade
formada pelas relações fluidas, estruturadas por relações frágeis tendo em seu
viés a ruptura para uma imersão no espaço social onde
“teoricamente” escolhemos nosso futuro, optamos pelo nosso destino e somos
responsáveis pelo nosso fracasso.
Associado a isto, estamos assistindo o
surgimento de uma nova geração, a “Geração Z”, também chamada pós-millennial,
formada por aqueles que nasceram entre os meados dos anos 2000 e que cresceram
basicamente tendo a tecnologia como cerne de suas vidas. Fazendo com que, o
virtual se sobreponha ao real e estes passem a viver na era da hiper-realidade.
O que eu quero dizer, é que este público
refém da tecnologia, usuários assíduos de smartphones, das plataformas de redes
sociais, de uma cultura midiatizada e propagável que os fazem produtores,
criadores, reconfiguradores, propagadores e influenciadores de conteúdo na
rede, tem também no streaming de vídeo a sua primeira opção ao invés da
televisão (o que o torna concorrência direta das TVs abertas e fechadas, cuja
tendência tem-se a tornar-se irreversível).
Este é o perfil de quase 2% do eleitorado brasileiro.
Jovens críticos e politizados cuja formação da opinião é consolidada na espacialidade
e temporalidade das redes sociais. Este público somado aos 27% do eleitorado
jovem entre 18 e 29 anos, pode fazer a diferença nas eleições gerais de 2018. Logicamente,
há fatores preponderantes para esta ruptura da consciência política, o
principal deles são as crises instauradas no país: crise econômica, social, de
democracia representativa, ética, moral e os escândalos de corrupção que ouvimos
falar nos últimos dois anos nos mais diversos meios midiáticos.
Há de se convir que esta parcela pode ajudar na
decisão de uma eleição, como também pode prejudicar, principalmente quando se
fala dos cargos de deputados e senadores, cuja classe política, segundo
Baudrillard, está se separando cada vez mais da classe “real”, de forma que se
extingue a possibilidade de qualquer interação entre ambas. Como se não bastasse,
a estrutura comunicacional e midiática oferecida por eles vão de encontro aos
processos de interação e de hiper-realidade vivenciados pelos jovens desta
segunda década do século XXI.
As eleições de 2018 vão muito mais além do
que a velha política representada pelo ‘tapinha’ nas costas e pelas visitas nas
casas dos potenciais eleitores. Afinal, a tecnologia já permite a onipresença a
partir de suas multiplataformas. O público por sua vez, espera ver e receber em
seus PC’s, notebooks ou smartphones um político conectado, participativo, que
interaja diretamente com eles e crie laços a partir do storytelling, sem
engessamentos ou intervenções da assessoria.
Em outras palavras, o eleitorado jovem quer
um político humanizado, onde a suas redes sociais, retratem o dia-a-dia e o cotidiano
do político que é pai, marido, filho, irmão, amigo, compadre, padrinho, que vai
à missa ou ao culto, ao forró e também a roda de samba, que toca violão ou
canta, que toma Coca-Cola, Fanta ou Guaraná junto com o velho pastelzinho da
feira. Um político que tenha plataformas de redes sociais como extensão do seu
corpo e da sua identidade.
Sendo assim, os pré-candidatos que souberem
trabalhar com esta proposta, que souberem escolher a sua equipe de trabalho, e
principalmente tenham domínio com a tecnologia, terão fortes chances de agregar
este público à sua campanha. Afinal, por trás de cada métrica do seu Analytics, de cada visitante do seu site
ou seguidor de suas redes sociais existe uma pessoa de carne e osso.
Trazendo ao nosso vocabulário, humanizar o
discurso político deve ser essência antes da tendência, tendo em vista o
despertar da memória afetiva do eleitor que é fomentado a trabalhar de forma a fazer
com que, a comunicação efetiva seja reflexo de um planejamento onde o público
seja o centro e a base de todo o processo.
* Rodolpho Raphael é professor, jornalista,
especialista em Mídias Digitais, Comunicação e Mercado, mestrando em
Computação, Comunicação e Artes com linha de pesquisa – Mídias em ambientes
digitais. Criou e atualmente é coordenador da Pós-Graduação em Comunicação e
Marketing Político da UNICORP. Contato: (83) 988617880
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