segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A cabeça do eleitor em três tempos: avaliação de governo, identidade dos candidatos e lembrança


Tudo depende do eleitor. É ele quem avalia bem ou mal um governo. É ele que responde aos estímulos dos candidatos conferindo-lhes, ou não, uma identidade clara. É ele quem se lembra ou se esquece dos candidatos. Esses três fatores formam a brigada pesada de uma logica de decisão. A cabeça do eleitor é lógica e não pode ser ludibriada facilmente, nem mesmo pelas mais avançadas técnicas de comunicação e publicidade. Se em maio ou junho de um ano eleitoral a avaliação positiva de um governo for 60%, e se o governo mantiver o seu ritmo administrativo, não será possível para a campanha eleitoral da oposição "fazer a cabeça do eleitorado" de que o governo é ruim. a campanha eleitoral não é capaz de mudar as percepções dos eleitores. A campanha nada mais pode fazer do que se adaptar a tais percepções e utiliza-las da melhor maneira com a finalidade de vencer.
Um governo se torna bem avaliado por causa das ações do próprio governo. Ele se torna mal avaliado por causa da falta de ações ou de ações erradas do ponto de vista do eleitor. A comunicação vai a reboque das realizações. Mais do que isto, a comunicação não altera a avaliação das realizações. É por isso que há eleições possíveis de serem vencidas e eleições invencíveis, independentemente do marketing e da comunicação eleitoral. A estratégia de campanha e as linhas de comunicação, essas sim, são fundamentais para se definir o destino dos candidatos.
O que vale para a avaliação de governo vale também para a identidade dos candidatos e para a lembrança que o eleitor terá deles. A identidade não é algo que se forma da noite para o dia, e também não se modifica ou acaba rapidamente, a não ser em situações muito especiais.
Por fim, a lembrança ou "recall" também se altera pouco, com a única exceção já abordada do político governista bem avaliado que aponta um candidato para sucede-lo. Nesse caso, a lembrança aumenta no curto prazo, mesmo assim, se esse candidato começar a campanha com um nível de conhecimento muito baixo, ele dificilmente ultrapassará um candidato que seja "velho conhecido do eleitorado". É exatamente em função disso que os partidos tendem a repetir seus candidatos a cargos majoritários. Alguém que perde a eleição para a prefeitura da capital de um Estado acaba sendo o escolhido para disputar dois anos depois o governo estadual.
(A Cabeça do Eleitor)

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